segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sobre a Felicidade

“Quando se diz às pessoas que a felicidade é uma questão simples, querem-nos sempre mal.”

“Poucas pessoas conseguem ser felizes, a menos que odeiem alguém.”

“Ficar sem alguma coisa que você quer é parte indispensável da felicidade.”

“Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.”

“Quantos mais motivos de interesse um homem tem, mais ocasiões tem também de ser feliz e menos está à mercê do destino, pois se perder um pode recorrer logo a outro.”

“O segredo da felicidade é o seguinte: deixar que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, e deixar que as nossas reacções em relação às coisas e às pessoas sejam tão amistosas quanto possam ser.”

“A humanidade transformou-se em uma grande família, tanto que não podemos garantir a nossa própria prosperidade se não garantirmos a prosperidade de todos. Se você quer ser feliz, precisa resignar-se a ver os outros também felizes.”

Bertrand Russell

"Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma nova possa nascer."

"Quando nos deixamos guiar pela felicidade, nos posicionamos num tipo de caminho que sempre esteve ali, à nossa espera, e vivemos exatamente a vida que deveríamos estar vivendo."

Joseph Campbell

quarta-feira, 17 de março de 2010

Resposta aos Rebeldes Sem Causa

Suas lagrimas são pelo luto,

Pelo sonho resoluto,

Que deixou de traçar.

Pobre homem da terra,

Que em vão acha que é guerra,

Tudo que se põem a travar.

terça-feira, 9 de março de 2010

O Incriado - Vinicius de Moraes


Distantes estão os caminhos que vão para o tempo - outro luar eu vi passar na altura
Nas plagas verdes as mesmas lamentações escuto como vindas da eterna espera
O vento ríspido agita sombras de araucárias em corpos nus unidos se amando
E no meu ser todas as agitações se anulam como vozes dos campos moribundos.

Oh, de que serve ao amante o amor que não germinará na terra infecunda
De que serve ao poeta desabrochar sobre o pântano e cantar prisioneiro?
Não há a fazer pois que estão brotando crianças trágicas como cactos
Da semente má que a carne enlouquecida deixou nas matas silenciosas.

Nem plácidas visões restam aos olhos - só o passado surge se a dor surge
E o passado é como o último morto que é preciso esquecer para Ter vida
Todas as meias-noites soam e o leito está deserto do corpo estendido
Nas ruas noturnas a alma passeia, desolada e só, em busca de Deus.

Eu sou como o velho barco que guarda no seu bojo o eterno ruído do mar batendo
No entanto, como está longe o mar e como é dura a terra sob mim...
Felizes são os pássaros que chegam mais cedo que eu à suprema franqueza
E que, voando, caem, pequenos e abençoados, nos parques onde a primavera é eterna.

Na memória cruel vinte anos seguem a vinte anos na única paisagem humana
Longe do homem os desertos continuam impassíveis diante da morte
Os trigais caminham para o lavrador e o suor para a terra
E dos velhos frutos caídos surgem árvores estranhamente calmas.

Ai, muito andei e em vão... rios enganosos conduziram meu corpo a todas as idades
Na terra primeira ninguém conhecia o Senhor das bem-aventuranças...
Quando meu corpo precisou repousar, eu repousei,
quando minha boca ficou sedenta, eu bebi
Quando meu ser pediu a carne, eu dei-lhe a carne mas eu me senti mendigo.

Longe está o espaço onde existem os grandes vôos e onde a música vibra solta
A cidade deserta é o espaço onde o poeta sonha os grandes vôos solitários
Mas quando o desespero vem e o poeta se sente morto para a noite
As entranhas das mulheres afogam o poeta e o entregam dormindo à madrugada.

Terrível é a dor que lança o poeta prisioneiro à suprema miséria
Terrível é o sono atormentado do homem que suou sacrilegamente a carne
Mas boa é a companhia errante que traz o esquecimento de um minuto
Boa é a esquecida que dá o lábio morto ao beijo desesperado.

Onde os cantos longínquos do oceano?...
Ssobre a espessura verde eu me debruço e busco o infinito
Ao léu das ondas há cabeleiras abertas como flores -
São jovens que o terno amor surpreendeu
Nos bosques procuro a seiva úmida mas os troncos estão morrendo
No chão vejo magros corpos enlaçados de onde a poesia fugiu como o perfume da flor morta.

Muito forte sou para odiar nada senão a vida
Muito fraco sou para amar nada mais do que a vida
A gratuidade está no meu coração e a nostalgia dos dias me aniquila
Porque eu nada serei como ódio e como amor se eu nada conto e nada valho.

Eu sou o Incriado de Deus, o que não teve a sua alma e semelhança
Eu sou o que surgiu da terra e a quem não coube outra dor senão a terra
Eu sou a carne louca que freme ante a adolescência impúbere e explode sobre a imagem criada
Eu sou o demônio do bem e o destinado do mal mas eu nada sou.

De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas
Se ele tem algemas que o impedem de levantar os braços para o alto
De nada valem ao homem os bons sentimentos se ele descansa nos sentimentos maus
No teu puríssimo regaço eu nunca estarei, Senhora...

Choram as árvores na espantosa noite, curvadas sobre mim, me olhando...
Eu caminhando... sobre meu corpo as árvores passando
Quem morreu se eu estou vivo, por que choram as árvores?
Dentro de mim tudo está imóvel, mas eu estou vivo, eu seu que estou vivo porque sofro.

Se alguém não devia sofrer eu não devia, mas sofro e é tudo o mesmo
Eu tenho o desvelo e a benção, mas sofro como um desesperado e nada posso
Sofro a pureza impossível, sofro o amor pequenino dos olhos de das mãos
Sofro porque a náusea dos seios gastos está amargurando a minha boca.

Não quero a esposa que eu violaria nem o filho que ergueria a mão sobre o meu rosto
Nada quero porque eu deixo traços de lágrimas por onde passo
Quisera apenas que todos me desprezassem pela minha fraqueza
Mas, pelo amor de Deus, não me deixeis nunca sozinho!

Ás vezes por um segundo a alma acorda para um grande êxtase sereno
Num sopro da suspensão e beleza passa e beija a fronte do homem parado
E então o poeta s urge e do seu peito se ouve uma voz maravilhosa
Que palpita no ar fremente e envolve todos os gritos num só grito.

Mas depois, quando o poeta foge e o homem volta como de um sonho
E sente sobre a sua boca um riso que ele desconhece
A cólera penetra em seu coração e ele renega a poesia
Que veio trazer de volta o princípio de todo o caminho percorrido.

Todos os momentos estão passando e todos os momentos estão sendo vividos
A essência das rosas invade o peito do homem e ele se apazigua no perfume
Mas se um pinheiro uiva no vento o coração do homem cerra-se de inquietude
No entanto, ele dormirá ao lado dos pinheiros uivando e das rosas recendendo.

Eu sou o Incriado de Deus, o que não pode fugir à carne e à memória
Eu sou como o velho barco longe do mar, cheio de lamentações no vazio do bojo
No meu ser todas as agitações se anulam - nada permanece para a vida
Só eu permaneço parado dentro do tempo passando, passando, passando...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre Monstros e Fantasmas

Era tarde da noite quando me levantei de sobressalto. Estava sozinho em minha nova casa e tudo ainda não parecia meu. O quarto era pouco mobiliado e o velho carpe do chão acumulando anos de ácaros e poeira que não podiam mais ser removidos fazia minha velha rinite atacar. Espirrei. Mais duas vezes antes de poder levantar e realmente poder olhar em volta. Abrindo os olhos ainda desacostumados pude ver a luz amarelada dos postes que entrava pela janela. Isso me impedia de dormir bem na maioria das noites e talvez fosse por isso que as lembranças haviam voltado. São aquelas lembranças que nos vem visitar bem de vez em quando, quando tudo aquilo que nos preocupa já não está nos perturbando, e aquela velha porta que fechamos há tanto tempo insiste em abrir novamente. E de lá vem todos os monstros e fantasmas que guardamos em nosso peito, afogado em meio a todo o auto-orgulho e senso de individualidade.

Para uns, os monstros são vergonhas e derrotas. Para outros, o que é o meu caso, são pensamentos e pessoas. Sentimentos que deixei de sentir.

Levantei-me e a vi na porta do meu quarto, ela que há tanto tempo se foi. Não vi seus olhos ou mais do que a sua silhueta, mas sabia que era ela, pois meu coração é o primeiro a reconhecê-la, sempre. Toda vez que a vejo, mesmo em pensamento ou lembrança, ou ainda tarde da noite quando seu fantasma vem visitar a porta de meu quarto, é meu coração que parece ter mais idade do que realmente tem que reclama a sua falta. É como um antigo viciado que não pode sentir o cheiro de seu pecado com medo de dobrar a própria vontade para obter nem que fosse um pouco mais da velha sensação. Pesar. Manifesta-se assim, quando passei por ela, e ela ficou a me olhar.

Não gosto de arrependimentos.

“Sinto saudades” ela disse. "Sinto o mesmo", eu penso em dizer, mas não posso. Dizer isso seria abrir mais a porta que mantenho fechada e todos os outros monstros iriam sair de lá. Todos com sua sede de sangue, todos com sua amargura e ódio, todos com a sua gana por violência e luxuria misturada com o ressentimento típico do passado, que só as coisas que mais nos marcaram podem ter. Todos esses brinquedos profanos, todas essas forças macabras teriam que ser contidas por mim, naquele corredor.

Eu não disse nada, mesmo sentindo meu coração explodir. “Isso vai passar”, pensei eu ao acender a luz. E tudo foi embora.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quis custodiet ipsos custodes?

Ouvi dizer, que em um reino distante chorava um bufão. Chorava de desgosto, por fazer sorrir a todos, mas ninguém queria lhe fazer sorrir. Era um homem comum, por debaixo da mascara e maquiagem. Talvez até comum demais. Antigamente era mais vistoso e alegre, sempre carregava um sorriso no rosto. Mas o tempo cruel, e as apresentações consecutivas já tinham tirado muito do brilho de seus olhos. Mas nada disso podia ser visto à luz das chamas bruxuleantes de lareiras e candelabros do castelo, quando era ninguém menos que ele mesmo, ou o que deveria ser.

“Por caridade”, pensava ele. “Será que algum dia, alguém, em algum lugar, fará sorrir o bufão?”. Mas todos queriam sorrir, e era trabalho do palhaço, fazer sorrir.

Que triste destino este do Pagliachi, sempre sozinho, sempre acompanhado, sempre fazendo rir e jamais rindo.

Onde estará sua alegria? Onde estará sua felicidade?

Foi então o Palhaço até o Conselheiro real. Este era um homem de muita idade e muito conhecimento. Era tão sábio que muitos reis tinham se consultado com ele, e guerras haviam sido travadas e evitadas por seus conselhos. O bufão então teria ido até ele, como se algo o puxasse pelas orelhas, agora quentes, caminhando sem titubear frente aos corredores labirínticos do imenso castelo do reino distante. Gostava ele de se sentir alguém, então estava apenas com seu próprio rosto, uma fantasia que gostava de usar.

Ao entrar no quarto de estudos do sábio, este se curvou e disse:

- Poderia conceder um minuto para um homem perturbado, nobre sábio? – Curvava-se com honraria e polidez, conforme havia visto muitas vezes antes nos salões do rei.

O erudito achando tudo aquilo muito incomodo, mas se apiedando do pobre homem resolveu acatar.

- O que este humilde servo poderia fazer a tão pobre criatura? – Falava em um tom cortes com o desconhecido que realmente parecia tão pobre como um cachorro faminto e magro.

- Estaria eu, um humilde servo deste castelo, a procura de algo que pudesse aplacar a minha dor. Senhor, estou triste. – Declarou o pobre homem cansado.

De imediato o homem busca a mais sensata das soluções.

- Ora! Veja o bufão. Soube que se apresentará esta noite para todos do castelo.

Eis que com lagrimas nos olhos, o bufão olha para o homem contendo a voz que saia tímida do peito.

- Mas senhor... Eu sou o bufão!

Uma bela história. Todos batem palma, e quase todos riem, mas alguns...

Ah, alguns choram, pois são eles próprios os bufões de suas próprias vidas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Solidão?... Solitude!

Sozinho. É como fazemos tudo na nossa vida.

O bordão clássico se aplica aqui, creio eu: “nasce-se sozinho e se morre sozinho”. Ok, alguns vão dizer, falando que o que vale na vida são os momentos que compartilhamos. Mas não seriam esses momentos os únicos que fugimos de nós? Esquecemos de nós mesmos por algumas horas que sejam só para quando menos esperamos bum, estamos sentados na nossa frente e perguntando: “e ai?”.

Em todos os momentos difíceis, em todas as horas que realmente importam, somos só nós que podemos fazer alguma coisa. Sempre sozinhos. Nossos amigos, irmãos e colegas no máximo podem ouvir, orientar e talvez, opinar, mas é você quem vai fazer. E vai fazer sozinho.

E se ele tomar partido? E se fizer por você?

Ouso dizer que estará fazendo por ele. Porque se importa com você, porque quer o seu bem... por que essa pessoa quer, e quer para si. Querer para outrem é por si só um paradoxo lingüístico.

Egoísta? Não, talvez as coisas simplesmente sejam assim. Somos seres humanos. Pessimista? Não, talvez as coisas simplesmente sejam assim...

E alguém pergunta: Alguma coisa instrutiva, coiote, ou apenas quer que a gente se sinta mal?

E eu respondo: Quero que se sintam bem. =)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Em dias como esses...

I've been a rover
I have walked alone
Hiked a hundred highways
Never found a home
Still in all I'm happy
The reason is, you see
Once in a while along the way
Love's been good to me

Johnny Cash - Love's Been Good To Me