segunda-feira, 30 de março de 2009

Fragmentos

Esse texto é parte de uma história que escrevia faz um tempo. Resolvi voltar a escrever alguma coisa e figuei fuçando pra ver se achava algo interessante e me deparei com esta parte. Sempre gostei dela, acho q tem um tom meio q existencialista. Bem, achei interessante postar. Espero que gostem. =)
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O tempo o tinha mudado, mas Soren não sabia o quanto. De corsário a fugitivo. De herói a bandido. Uma interessante mudança para uma personalidade como ele. As coisas nunca estiveram bem colocadas e viver em um mundo de luxo e fantasias, onde a cada segundo cada nobre e membro da corte deveria usar sua mascara, onde cada ação deveria ser medida e calculada, para que seu vinho no próximo festival não estivesse envenenado lhe deixava doente. Odiava interpretar o papel de um bufão, cheio de cores e sorrisos para os seus desafetos. Por isso preferia a impetuosidade do mar. Ele ao menos não enganava os seus olhos, mais parecia com uma mulher arredia. Tinha suas manias, e era tão selvagem quanto uma, mas mesmo assim, verdadeiro em cada ato. O mar lhe trazia a idéia de imensidão e esse sentimento ele havia refletido em seu barco, que se chamava Liberdade.
Adorava os dias de sol de vento fresco, e das manhas claras e sem nuvens. O sol que se levantava preguiçosamente para mais um dia, mesmo que fosse um dia infernal. Lembrava-se da sensação de estar livre, e de não ver em nenhum dos lados, uma porção de terra sequer. Essas lembranças porem, haviam sido levadas pela maré do tempo, uma maré muito mais odiosa e detestável para aqueles que como Soren, não souberam aproveitar o tempo que lhes fora dado.

domingo, 29 de março de 2009

De volta e de novo...

Acho q todos precisam falar o que pensam de vez em quando.

O Espirito dos Homens

A necessidade de escrever às vezes vem mais da mente do que da alma. Embora a verdadeira escrita seja uma arte, e como toda arte, nasça do espírito criativo do escritor, as coisas só são possíveis através da inteligência, ou seja, da mente consciente da criação. Em períodos como esse é clara a necessidade de expressão. Mas como expressar-se da forma correta? Somente as frases não seriam o suficiente, e a palavra dita poderia chegar de outra forma aos ouvidos. Não, não é esta a forma. Quando coisas assim acontecem, a necessidade de expressão surge para o papel, ou para um documento de texto virtual que serve como papel.

Os escritores são contadores de história. E sempre se conta histórias para outros, nunca para si. Escrevemos na esperança de que algum dia alguém leia, e alguém o reconheça. Que alguém se lembre de sua passagem. Contar histórias é parte de nossa cultura, talvez até mesmo de nossa raça. Mas sobre o que contar? Histórias de amor e de suspense sempre estão na moda, bem como a de superação de desafios, implícitos ou explícitos. A jornada pelo desconhecido geralmente abarca boa parte da nossa historia literária. Bem como os dramas da vida e os terrores ocultos de nossa mente. Junte tudo isso e teremos a maior historia já contada. Somos criaturas fáceis de entender em linhas gerais. Um pouco de insatisfação, preguiça e inveja e criamos o mundo que temos hoje. Cheio de tecnologia para suprir a preguiça, e violência e capitalismo para suprir a inveja. A insatisfação, porém, é algo que nunca pode ser “enganada”. Como espécie sempre estamos querendo mais. A busca por algo, seja lá o que este algo signifique, é tão ampla, que faz com que a preguiça e a inveja pareçam nulas perto disso. O diferente e o desconhecido são agradáveis, e todo o ouro conquistado, não brilha como antes. Podemos então dizer que a maior historia já contada, ou que a maior motivação do ser humano é a sua busca sem fim. Podemos analisar as histórias. Todas as histórias nos preparam para a jornada. A jornada sempre é a nossa maior busca, mas porque não somos preparados para o fim dela? O que fazer quando chegarmos lá? O que fazer quando pegarmos o nosso premio? Sentar e aproveitar? Até quando? Até querermos algo maior, ou apenas diferente.

Somos assim. Somos preparados para a busca por não sermos satisfeitos. Por estarmos em constante contato com o ego, e com o desejo. Pode-se dizer que a única busca que tem um fim “satisfatório” é a busca pelo nirvana, que descaracteriza o desejo (em teoria) e consuma-se somente na morte, que é o fim de tudo, mas que mesmo assim, demoraria muitas vidas para conseguir. Insatisfação. O homem só foi até o nirvana porque estava insatisfeito com o sofrimento de sua espécie e de seu próprio ser. O mesmo ocorre com Jesus e sua alteração de consciência. Através do cristo se chega ao Pai. E desta forma os problemas acabam, novamente com a morte. Este é o único fim para a busca. Todas as doutrinas e libertações apontam para a morte como o fim da busca incessante do ser humano pelo algo que o complete. Mas não a morte ordinária, e sim a morte contemplada, ou a boa morte, que definitivamente é uma figura poética. A insatisfação leva a procura e a procura só tem um fim, na morte. Mas toda morte, seja ela simbólica ou real, é revertida com o renascimento. E é este o ponto chave de toda a procura. A busca se caracteriza pelo conhecimento, ou pelo desejo de ir (ou conquistar) aonde não se foi. Esta busca inevitavelmente leva a destruição do que um dia foi, ou com a real morte do ser, sendo somente revertida, com a revitalização da consciência, ou com a instauração de uma nova busca, por parte de outro homem. È disso que consiste a história. Contar repetidamente a mesma busca, a busca pelo inatingível desconhecido, de diversas formas. Pois este é o espírito dos homens.